quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

" Cabaret Literário" textos de Inês Leitão



19 Jan - sábado - Rua do Regueirão dos Anjos nr 69, Lisboa



PRESS RELEASE 


Não vamos querer falar de não ter. Vamos querer falar de ter.
Vamos falar de apego, de dependência, de co-dependência e de amores fatais.
Vamos querer falar do amor letal e vamos querer ir até onde quer que ele nos queira levar (podemos escolher ir pela sua mão ou ele há-de querer levar-nos de rastos).
Mas vamos querer: vamos querer.

Vamos querer falar da vida, da possibilidade da eternidade e das coisas que nunca dizemos ao outro quando ele se vai embora sem nós (nem nunca ousaremos dizer: porque a nossa boca é racional e os nosso lábios sofrem de decoro).

E depois daquilo tudo regressaremos com os nossos pés a casa, levando connosco coisas novas dentro do nosso corpo, debaixo dos nossos olhos.
. textos Inês Leitão
. leitura Sofia Peixoto
. encenação Ana Helena Lobo

20h jantar (3€)

22h performance (40 min)

sábado, 5 de janeiro de 2013

Não há alfabeto






Há muito tempo que não vinha aqui.
A tua estrada fala comigo e diz-me que cheguei. Ela conhece os passos e as mãos que tremem: eu cheguei.
A tua casa já não tem cortinas verdes: o antigo verde deu lugar ao preto e as persianas descidas fazem-me ter vontade de lhes contar os buracos, tão similar às balas que nos atingiram. Todos os dias os buracos das balas me doem. E a dor não tem idade.


 Contar os meus buracos no corpo ajuda-me a sobreviver melhor: o medo pelo esquecimento  faz-me  comer os meus próprios dedos ou ganhar desejo de rasgar a boca com as minhas duas mãos, numa única forma de força, silenciosamente, de um lado ao outro do rosto.
A paz regressa ao corpo e tudo acaba.


Adeus, Ophelia

  Querida Ophelia,  a tua morte foi a coisa mais difícil que vivi até hoje. Ter ficado contigo até ao último minuto dá-me um certo alento es...